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Primeira mulher eleita para presidir o Partido dos Trabalhadores no Rio Grande do Sul,813 bet login - desde o último dia 4, a professora Juçara Dutra Vieira substitui o deputado federal e hoje ministro Paulo Pimenta. Ex-presidente do CPERS - Sindicato e da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), ajudou a construir as candidaturas de Edegar Pretto e Olívio Dutra e a frente de esquerda nas eleições estaduais de 2022.

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Neste diálogo com Brasil de Fato RS, ela fala sobre seus planos para a sigla, as exigências feitas às mulheres em todos os campos e, sobretudo, na política, o combate à extrema direita, a necessidade de o PT ampliar sua presença no interior do estado e nas periferias, e as relações do campo da esquerda com o governo Lula.

Brasil de Fato RS - O que será esse desafio de assumir a presidência do PT no Rio Grande do Sul?

Juçara Dutra Vieira - Assumo a presidência do PT depois de 43 anos de sua fundação. Embora no Rio Grande do Sul companheiras já tenham assumido (a presidência da sigla) em afastamentos temporários dos titulares, é a primeira eleição pelo diretório estadual. Significa uma vitória das mulheres que compõem esse partido e que agora também passam a ser representadas pela minha eleição.

BdF RS - Dentro dos parlamentos e do próprio governo federal, a gente tem visto crescer a participação das mulheres e a discussão das pautas feministas na sociedade. Como se pretende trabalhar ainda mais essa questão no partido e aqui no Rio Grande do Sul?

Juçara - Temos uma situação meio paradoxal porque, na medida em que retorna com vigor essa herança patriarcal, homofóbica, racista no país, nesse ambiente que nós vivemos, conseguimos aumentar a bancada das mulheres. Das seis deputadas que o partido tem - três federais e três estaduais - três são negras. Cinquenta por cento da bancada é negra. Isso representa uma reação ao retrocesso que vivemos no último período. E é muito importante, por exemplo, a gente conquistar na mesa diretora da Câmara dos Deputados um espaço representado pela deputada Maria do Rosário.

Muito importante aqui na Assembleia Legislativa termos as três deputadas, Laura Sito, Stela Farias e Sofia Cavedon, presidindo comissões importantes e estratégicas. Uma defende os direitos humanos, outra a educação e a terceira as políticas públicas e tentando, num contexto completamente adverso já que temos um governo de orientação neoliberal, fazer com que essas políticas sejam garantidas para a população.

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"Muito importante termos na Assembleia Legislativa as três deputadas, Sofia Cavedon, Laura Sito e Stela Farias, presidindo comissões importantes e estratégicas" / Divulgação

É um desafio constante porque a questão do machismo está muito impregnada na sociedade. Então, é necessário que não só as mulheres, mas que o partido também tenha políticas permanentes para envolver homens e mulheres nessa questão.

Quando o Lula chora, ele está sendo autêntico, mostrando as suas raízes

BdF RS - Mas isso também traz uma reação, tanto que saiu uma pesquisa apontando que as deputadas mais atacadas são da esquerda. De alguma forma, ainda precisamos de uma rede forte de proteção a essas mulheres que estão conseguindo chegar a esses espaços, mas não sem sofrimento.

Juçara - Se as mulheres tentam incorporar atitudes mais impositivas é porque não são femininas. Se não se importam de expor seus sentimentos, suas emoções, são consideradas frágeis, fracas. É difícil chegar a um termo adequado de convencimento, não só dos homens, das mulheres também. Há mulheres que se sentem inseguras quando são lideradas por mulheres. É uma realidade.

No Congresso Nacional, é muito emblemática aquela situação do ex-presidente Jair Bolsonaro agredindo a deputada Maria do Rosário. E uma pessoa como essa se elege presidente. É como legitimar essa violência que vem da formação da história do Brasil. As mulheres precisam superar esses obstáculos a partir também das suas fortalezas e das suas fragilidades. Esconder ou camuflar emoções ou sentimentos não é algo que torne uma mulher mais poderosa. Eu acho, por exemplo, que quando o presidente Lula chora, ele está sendo uma pessoa muito autêntica, e está mostrando as suas raízes, porque ele se emociona com a situação da fome, da miséria, do assassinato, digamos assim, consentido dos indígenas.

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As mulheres agregam solidariedade ao mundo político, agregam companheirismo, em sua maioria, por óbvio, agregam práticas mais coletivas de gestão, de administração. Isso não significa fragilidade. Significa outra forma de trabalhar e viver coletivamente. Tem uma questão que eu vivo desde que comecei a militar no movimento sindical que é essa ideia de que quem é líder tem que ter também uma correspondência na postura, na voz, na forma de se impor, e eu sempre digo que parece que, na nossa história, Martin Luther King não tem importância, porque ele fazia uma luta pacífica, Gandhi era um sujeito muito insosso, porque ele era um pacifista. Então, resistir a ser enquadrado em algum estereótipo também é fundamental para as mulheres. As funções de liderança comportam todos os estilos.

A educação e a saúde foram os primeiros espaços das mulheres ao passarem para a vida pública

BdF RS - Paulo Freire diz que comunicação é diálogo e que, sem diálogo, não existe a comunicação. E a gente está vivendo num mundo cada vez mais dividido entre o bem e o mal, as divisões estão cada vez mais acirradas. E não só a divisão política macro, mas no dia a dia, na vida. Como trazes toda a tua vivência como educadora para a política?

Juçara -A educação e a saúde foram os primeiros espaços de passagem da mulher da vida privada para a vida pública. Foram espaços consentidos. As mulheres começaram a trabalhar, em geral, nas escolas primárias. Trabalhavam meio expediente que era para ter tempo de voltar para casa e fazer a comida para o marido e para os filhos. Na saúde, a mulher quando tem um filho já se transforma numa enfermeira. Então, está “apta” para a atividade da educação e da saúde. Essas são as portas de entrada da mulher na vida pública. A mulher também tem que agir e transformar esses espaços.

Não é à toa que não existe uma campanha de “hospital sem partido”, de “federação da indústria sem partido”. Tem um projeto “escola sem partido”, que é para dizer para a grande maioria das pessoas que estão na escola: 'vocês podem tratar de outras coisas, só não podem tratar de política`. É óbvio que na escola não tem partido, mas tem muitas pessoas de vários partidos e pessoas que não tem partido. Paradoxalmente, onde as mulheres são maioria, há maior dificuldade de afirmação da legitimidade, da necessidade da política. Porque vejam, quando lutamos por uma lei, a lei do ensino da questão antirracista, quando a gente tem eleições (dizem) 'Mas o professor, a professora, tá fazendo trampolim`. Mas se for advogado, médico, agricultor, não tem problema nenhum. Tem problema é com educação.

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É um espaço muito propício para o debate, mas historicamente vem com essa construção cultural. As mulheres e os homens, professoras, professores, funcionárias, funcionários de escola tem que ir se libertando, porque os estudantes têm direito a ter uma escola que permita que formem a sua opinião, com as ferramentas necessárias. Também há a pressuposição que os adolescentes não têm opinião. Que você pode chegar e dizer qualquer coisa. Não, eles são até mais informados que muitas e muitos de nós. Embora, como você falou também, há uma informação muito fragmentada, vivemos num mundo em que as pessoas dizem muitas coisas, ouvem poucas e dialogam pouco. No mundo do WhatsApp, que é um dos que eu frequento mais por necessidade, se você lê tudo que está escrito num dia, ninguém respondeu ou alguém respondeu alguma questão, mas aí já entrou uma outra informação. Não são espaços de diálogo efetivo. São espaços em que as pessoas se expressam, mas isso não significa que se ampliou o diálogo. Também temos que ter outras formas. Temos que ir incorporando as novas tecnologias.

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